segunda-feira, 1 de julho de 2013

MANIFESTAÇÕES


Os jovens seres brasileiros em movimento


Desde o surgimento dos primeiros atos do movimento passe livre nascido a partir dos jovens brasileiros das últimas semanas o que ao mesmo tempo maravilha o Brasil pelo volume e facilidade de se ir as ruas, cenas há muito não visualizadas em nossas terras, assusta pela dificuldade de entendimento da mídia, a academia, analistas políticos e sociais e pela violência utilizada por uma parte dos manifestantes. O que isto representa? O que está por traz da luta contra a diferença pequena nas passagens de transporte urbano?

Inaugurando uma série de textos que serão apresentados neste espaço blogueiro do Ser em Movimento sobre questões e acontecimentos cotidianos, escritos sob a ótica de uma nova era, de um novo momento que vivencia a humanidade com aumento cada vez mais rápido da consciência, da tomada de novas atitudes, e naturalmente tudo isto está no dia-a-dia que precisa ser entendido sob esta nova visão.


Tecendo considerações sobre alguns dos motivos da novidade das ruas 

Temos no Brasil há tempos duas considerações enraizadas e de certa forma aceitas: 

Temos corrupção na política (hoje nos limitaremos a ela).
O povo Brasileiro é pacato, aceita tudo e a tudo releva.

Fazendo uma ligação entre o movimento de jovens que ocorre nas ruas das cidades brasileiras e estas duas considerações históricas, podemos dizer que o movimento nasce e cresce pela crise de representação e assim as duas considerações navegam juntas com este movimento.
  
Partido em sua morfologia já aponta para o que não é amplo, é parte, pensa segmentado, não é holístico, sua prática e dia-a-dia se norteiam pelo que é particular, fracionado e tendendo via de regra a se tornar facções.

Temos que entendê-los como devemos entender as religiões, que são apenas linguagens especificas, parciais, de uma mensagem e uma verdade muito mais ampla e que servem apenas para o ser humano que por limitado que é, parcial que é, somente entende a mensagem minimalizada e parcializada, e menos mal que seja assim, pois senão não acessariam nunca ou poderiam acessar tarde demais, tão tarde que sua religação (daí vem religião) ficasse comprometida e desperdiçada. Existem os seres humanos mais e menos conscientes, mais ou menos holísticos, e quanto mais amplos e concêntricos são os giros da espiral de cada um, e daí vem também a capacidade de espiralidade ou a espiritualidade, menos vontade tem este ser humano de se conectar com parcialidades, com religiões muito fundamentalistas e com partidos. Ele vai tendo a necessidade de algo mais amplo, de um encontro de partículas, de uma sinergia de partes fazendo parte de sua espiral para vivenciar o amplo, o holístico, o todo e não ficar mumificado em sua parte, sua face segmentada, que já experimentou e conhece. Este é o trabalho necessário de qualquer ser humano para crescer, para espiralar, para se espiritualizar.

Já diz o dito popular:
3 coisas jamais se discute pois são assuntos apaixonantes
Religião
Política Partidária 
Time de futebol

Pois bem, o que está acontecendo no Brasil e que ninguém entende é que o povo brasileiro está se tornando mais consciente, com-ciência, com conhecimento, concêntrico. É natural que seja assim, pois dentro de nossos corpos existem informações particularizadas, especificas e puras de muitas raças que aqui se encontraram. Raças são parte, partidos, e distantes do todo tem muito mais dificuldade de atingi-lo. Nós não, somos mineralmente misturados, e com isto já temos uma vantagem enorme em sentido e direção ao todo, à síntese. Tem uma desvantagem: como somos uma mistura, temos um trabalho grande, um tempo maior para entender a síntese e isto explica o fato de aparentemente sermos pacatos, levamos mais tempo para entender nossa fórmula, codificar o comportamento da soma das partes. Um ser humano, digamos assim de uma raça pura, sabe claramente quem é o que quer e como quer, isto está claro e não sair entendendo de cara seria de uma imbecilidade muito grande, nós temos que gastar tempo codificando a fórmula. Quando ela se codifica, também fica claro quem somos o que queremos e como. Levando estas características para a soma de corpos, isto é para um povo, o conceito se potencializa e a sinergia de grupo comanda. 

Passou o tempo de estudo, de codificar a fórmula, e o brasileiro está entendendo seu propósito, sua possibilidade e sua personalidade. Desta forma o povo pacato (lemos sempre ai como o povo acomodado, manso, que tudo suporta e tudo releva) está se revelando um povo que luta por que sabe o que quer, está acabando de descobrir, pela maturidade da “raça”misturada, pelo término do período de biblioteca, onde o silencio impera pela necessidade reflexiva do estudo.

Ninguém entende porque quem quer entender é partidário, é cartesiano, quer analisar sob uma referencia, quer achar no “estado da arte” uma correspondência, um modelo, e não tem, não existe, é novo paradigma, tem que ser analisado uma oitava acima do que é conhecido, está situado no sentido do centro da espiral um “passo” (passo da espiral) acima de onde a maioria dos analistas não conseguem se situar, precisam se esforçar, pois estão situados uma oitava abaixo, um “passo” atrasado. Isto porque os manifestantes são brasileiros e jovens e os analistas são brasileiros, mas velhos.

Nosso sistema representativo está falido por vários motivos, mas pegando apenas o que interessa a esta reflexão, ela está baseada em muitos partidos, isto é ela é amplamente particularizada, fracionada, de muitas facções. Talvez em algum momento, tenha se pensado que desta forma ela abrangeria o maior numero de representações de brasileiros, e assim a democracia estaria mais ampliada, mas isto pode ser um engano, já que a tendência do povo é de amplitude, de procurar uma condição generalista, holística, concêntrica, digamos, então o desenvolvimento humano exige uma ampliação do conjunto de partes aglutinadas e isto não está sendo acompanhado pelo sistema representativo-partidário. 

Facção como uma “família” fechada, tende a se proteger, a pensar em seus interesses, a particularizar. Mas vejam, eles são facções, desculpem, partidos políticos, atuam com a política, com o que é publico, com a polis, e não deveriam pensar no que é parte, mas em como sua parte compõe o todo, como seu partido compõe e contribui na polis. Mas caros, eles não tem consciência para entender quem são, o que fazem e como fazem, aliás, me corrigindo, tem consciência de como fazem, mas deveriam ter consciência do o que e como deveriam fazer. 

Daí, surgem vários problemas, um deles é na gênesis de qualquer governo eleito: não consegue governar, pois não consegue sinergia para tal, não consegue aglutinar partes para atingir a mínima condição de corpo para trabalhar. Mas devem trabalhar, foram eleitos para trabalhar, devem em quatro anos fazer os 3 níveis de governo dar passos avante, crescer, renovar conceitos, agregar valor para a continuidade de desenvolvimento. Mas encontram as facções, com seus diversos “capos” querendo saber o que cada um levará para a sua “família”....  pior, a família é apenas os poucos integrantes diretos e ativos.... triste. Daí vem os: ”acordões, mensalões, anuações,” anões, ganhador sistemático de loterias, redes de TVs, rádios, franquias de muitas formas, loteamentos da máquina pública, emendas parlamentares, e tantas outras loucuras reais que já vimos. É muita piada sem nenhuma graça, é triste, mas infelizmente necessária visto a arapuca armada pelo sistema partidário. Absolutamente alguém eleito para o executivo, nas condições de hoje, não tem condições de cumprir o que nós, a pólis, autorizamos expressamente ele fazer, daí se não se vira pode dar até impedimento, pasmem, promovido, julgado e executado pelas facções, desculpem, é demais para mim.

Outro problema é que o eleitor, nós, os seres humanos componentes da polis, vamos percebendo este fracionamento e suas consequências e vai se vendo cada vez menos representado, nos provocando a conclusão de que devemos fazer nossa representação com as próprias mãos, sem intermediários. Este impulso nem é novidade, na área policial e da justiça este jargão já é a muito tempo utilizado.

Como engenheiro, costumo fazer uma analogia com lapiseiras e grafites, que me ajudam a entender questões de linha e conjunto: Imaginem vários pontos distribuídos em uma folha de papel e a tarefa de agregar pontos com uma linha, fazer serem contidos em conjuntos (linhas são conjuntos de pontos) o maior numero de pontos possíveis. 

Vamos a solução: se a população é pequena (poucos pontos no papel) com poucas linhas eu posso resolver. Se a população aumenta (muitas pontos no papel) preciso de mais linhas para atender e incluir o maior numero de pontos. Mas, se eu aumento a espessura do grafite eu preciso de menos linhas traçadas para resolver o mesmo atendimento, e isto é possível ampliar até o grafite de espessura (imagine se existisse) da folha de sulfite, daí eu traço uma linha, aglutinei todos os pontos e resolvi a questão. 

Mas isto é totalitarismo, e certamente não é aceitável, então vem os americanos e usam grafites de espessura de meia folha e atendem os que estão da metade para cima com uma linha e da metade para baixo com a outra linha. Países mais plurais têm mais linhas e atendem a população. 

Bem, o que quero colocar é que certamente precisamos ampliar a espessura de nossas linhas partidárias para incluir mais pessoas em cada, diminuir drasticamente o número de linhas necessárias para atender, deixar que o debate interno dos partidos ocorra pelas distancias entre os pontos ali incluídos (isto é muito saudável) e não permitir nunca a ampliação do número definido de partidos. Isto deve ser estudado além de outras urgências, dentro da tão falada e nunca chegada reforma política.

Assim, os jovens romperam o silencio de estudo dos brasileiros e estão dizendo a todos acordarem, que nosso tempo de consciência chegou e que devemos tomar conhecimento com claridade do que ocorre, e saber que nada pode ocorrer sem nosso absoluto aval e autorização.

Tem uma outra vertente, um outro viés de olhar para tudo isto, que é o ponto de vista astrológico e da própria era em que vivemos, a era de aquários, onde existem a características da iluminação, do conhecimento, da comunicação, e onde cada vez mais (ela tem hoje tem cerca de 60 anos e vai até cerca do ano 4000) nada conseguirá ficar fora da luz, escondido, a comunicação será primordial e muito rápida, e o conhecimento, a consciência será muito acelerada e a espiritualidade, a espiralidade, o movimento espiral de todos será muito ampliado. E o que está sendo este movimento nas ruas senão a consciência e iluminação jovem, organizada pela comunicação rápida das redes sociais? Mas isto fica para outra vez.

Abraços,

Flávio Ximenes